terça-feira, 12 de julho de 2011

Entenda a Dengue

  
 A Dengue é uma doença que afeta mais de 100 milhões de pessoas por ano no mundo. No Brasil, é uma das que têm maior impacto na saúde pública. Transmitido por um mosquito, Aedes Aegyptitambém infectado pelo vírus, a Dengue, no nosso país, concentra-se em um período específico: cerca de 70% dos casos ocorrem de janeiro a maio. Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A dengue é conhecida no Brasil desde os tempos de colônia. O mosquito Aedes aegypti tem origem africana. Ele chegou ao Brasil junto com os navios negreiros, depois de uma longa viagem de seus ovos dentro dos depósitos de água das embarcações. No Rio de Janeiro (Região Sudeste) ocorreram duas grandes epidemias. A primeira, em 1986-87, com cerca de 90 mil casos; e a segunda, em 1990-91, com aproximadamente 100 mil casos confirmados. A partir de 1995, a dengue passou a ser registrada em todas as regiões do país. Em 1998 ocorreram 570.148 casos de dengue no Brasil; em 1999 foram registrados 204.210 e, em 2000, até a primeira semana de março, 6.104.
  Em 2006, o número de casos de dengue voltou a crescer no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e setembro de 2006 foram registrados 279.241 casos de dengue o equivalente a 1 caso (não fatal) para cada 30 km ² do território desse país. Um crescimento de 26,3% em relação ao mesmo período em 2005. A região com maior incidência foi a Sudeste.
  Já em 2008, a doença volta com força total, principalmente no Rio de Janeiro, onde foram registrados quase 250 mil casos da doença e 174 mortes em todo o Estado (e outras 150 em investigação), sendo 100 mortes e 125 mil casos somente na cidade do Rio de Janeiro. A epidemia de 2008 superou, em número de vítimas fatais, a epidemia de 2002, onde 91 pessoas morreram. Nos últimos anos, outros estados do Brasil também registraram uma epidemia de Dengue.
  Atualmente, a dengue hemorrágica está entre as dez principais causas de hospitalização e morte de crianças em países da Ásia tropical.

Informe – Janeiro a Março/2011

  A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde registrou um total de 254.734 casos notificados de dengue no país até o período de janeiro a março de 2011(Tabela 1). A região Sudeste tem o maior número de casos notificados (81.179; 32%), seguida da região Norte (76.671; 30%), Nordeste (47.404; 19%), Sul (28.445; 11%) e Centro-Oeste (21.035; 8%). Aproximadamente 68% dos casos (184.646) do país concentram-se em sete estados: Amazonas (36.841; 14%), Rio de Janeiro (31.412; 12%), Paraná (27.217; 11%), Acre (21.199; 8%), São Paulo (19.538; 8%), Minas Gerais (18.070; 7%) e Ceará (16.659; 7%).



Casos notificados de dengue, de acordo com a semana de início dos sintomas e 
as regiões. Brasil, novembro de 2010 a março de 2011. 

  A figura apresenta os casos notificados entre novembro de 2010 e março de 2011 no Brasil de acordo com as regiões do país. Uma tendência de aumento no número de casos é observada a partir do início do ano de 2011, em todas as regiões. No entanto, o mês de março, a partir da semana epidemiológica 8, indica uma tendência de estabilidade.
  A comparação entre os meses de janeiro a março de 2010 e 2011 aponta para uma redução de 43% no total de casos notificados neste período.




Comparativo de casos notificados de dengue entre janeiro e março de 2011, por região e unidade federada.




Incidência de dengue, por mês de início de sintomas, 2011

Casos graves e óbitos por dengue

Casos graves e óbitos por dengue. Brasil, de janeiro a março de 2011.


Sorotipos virais

  Foram inoculadas 3.187 amostras, com uma taxa de positividade de 19,1%. De modo geral, observou-se no país um predomínio marcado do sorotipo 1 do vírus em quase todos os estados (73,1% das amostras positivas).
  Na região Norte, foram inoculadas 483 amostras no estado do Amazonas, sendo 56 (11,6%) positivas, com isolamento do DENV-1 (17,9%), DENV-2 (39,3%) e DENV-4 (42,9%). No Pará foram inoculadas 100 amostras, com 23% de positividade, e também foram isolados os sorotipos DENV-1 (39,1%), DENV-2 (13%) e DENV-4 (47,8%). Em Roraima foram inoculadas 34 amostras, todas positivas, e com isolamento do DENV-4 (100%). No Tocantins foram inoculadas 58 amostras, sendo que não houve amostra positiva.
 No Nordeste, a Bahia inoculou 465 amostras, com 40,6% de positividade e predomínio do DENV-1 (82%) e duas amostras positivas para DENV-4. No Ceará foram inoculadas 252 amostras, com 63% de positividade observada, apresentando predomínio do sorotipo 1 (96,8%). O sorotipo 1 também predominou em todos os outros estados da região.
 Em Pernambuco foram inoculadas 214 amostras, com 3,3% de positividade, sendo quatro amostras com DENV-1 (57,1%), uma com DENV-3 (14,3%) e duas com DENV-4 (28,6%). No Piauí foram inoculadas 118 amostras, com 6,8% de positividade, sendo que o sorotipo DENV-1 predominou em 75% das amostras; 12,5% delas foram prevalentes para DENV-2; e em outras 12,5% foi o sorotipo DENV-4. Na Paraíba foram inoculadas 45 amostras, e no Rio Grande do Norte, 13 amostras, sendo que o sorotipo DENV-1 predominou em 100% das amostras. 
  Na região Sudeste, no Rio de Janeiro foram inoculadas 509 amostras, sendo 68 positivas (13,4%), registrando-se DENV-1 (76,5%), DENV-2 (20,6%) e DENV-4 (2,9%). Em Minas Gerais foram inoculadas 242 amostras, sendo uma positiva para o sorotipo DENV-1. No Espírito Santo foram inoculadas 131 amostras, com 35,1% de positividade e predomínio do sorotipo DENV-1 (80,4%). Em São Paulo foram inoculadas 44 amostras, com 13,6% de positividade, sendo 100% positivas para o sorotipo DENV-1.
  No Sul do país, 100% das amostras foram positivas para o sorotipo DENV-1.   Na região Centro-Oeste, no estado de Mato Grosso do Sul foram inoculadas 126 amostras, com 8% de positividade. O estado de Goiás inoculou 257 amostras, com 29,6% de positividade, sendo que nesses dois estados houve predomínio do sorotipo DENV-1. No Distrito Federal foram inoculadas 21 amostras, com 14,3% de positividade, sendo 66,7% para o sorotipo DENV-1 e 33,3% do DENV-3.


Isolamentos de dengue por unidade federada, 2011.

Conclusão

  O controle desta doença tipicamente urbana é bastante complexo. Envolve, além do setor saúde, fatores como infraestrutura das cidades, transporte de pessoas e cargas e meio ambiente, entre outros. Enquanto não houver uma vacina disponível, somente uma ação conjunta entre poder público, setor privado e a população poderá ser capaz de controlar a doença.